quinta-feira, 6 de junho de 2013

Deformação das rochas

As rochas são consideradas como um exemplo de estabilidade e solidez, no entanto, os processos a que estas se encontram sujeitas podem provocar alterações significativas nos materiais geológicos.
Há milhões de anos, que a energia proveniente do interior da Terra provoca a deformação da litosfera. Processo esse que tem sido responsável pela formação das cadeias montanhosas.
A dinâmica da própria litosfera origina forças tectónicas que tendem a deformar os materiais rochosos. Esta deformação pode traduzir-se pelo aparecimento de falhas e dobras nas estruturas geológicas.


As rochas que integram a litosfera, encontram-se sujeitas a forças de tensão. Tensão esta que é considerada a força exercida por unidade de área. Se a mesma força for aplicada em duas superfícies distintas, cada uma delas com diferentes áreas, a tensão aplicada será maior quando a área considerada for menor (vice-versa).
Um estado de tensão pode expressar-se segundo duas componentes, por tensão normal e por tensão cisalhante (tensão de corte). As tensões normais podem ser consideradas compressivas (limites convergentes) ou distensivas (limites divergentes).

Fig. 1 - Diferentes tipos de tensões existentes (imagem extraída de: CienTIC). A deformação pode corresponder a alterações no volume ou a alterações de forma, ou a ambos, simultaneamente. Para cada tipo de tensão ocorre um tipo de deformação. Existem então diferentes tipos de estados de tensão:


- Estado de tensão compressivo – origina falhas compressivas ou inversas, e dobras;

- Estado de tensão distensivo – origina falhas normais ou extensivas, e estiras;

- Estado de tensão cisalhante - origina falhas de cisalhamento.
Fig. 2 - Estruturas tectónicas originadas pela actuação de diferentes tipos de tensões (imagem extraída de: CienTIC).

Comportamento mecânico das rochas
O resultado da deformação de estruturas geológicas, depende de características estruturais das rochas como a pressão e a temperatura a que estão sujeitas.
O comportamento dos materiais quando sujeitos a estados de tensão pode ser elástico ou plástico.

Comportamento elástico – a deformação é reversível e proporcional ao estado de tensão aplicado. Quando a tesão é cessada, o material recupera a forma inicial.

Comportamento plástico – acima do limite de elasticidade (ponto de cedência), a alteração de forma ou de volume dos materiais mantém-se de modo permanente, ou seja, a deformação é irreversível, o material não volta ao seu estado inicial mesmo que cesse a actuação da tensão. Nestes casos, devido à actuação contínua da tensão, as rochas atingem o limite de resistência máxima (limite de plasticidade), entrando em ruptura.

Resumindo, a resposta dos materiais geológicos desde a superfície até profundidades entre os 15 km e os 20 km, traduz-se num comportamento elástico, seguido de ruptura. Diz-se, neste caso, que a deformação ocorre em regime frágil. Nestas circunstâncias, a deformação pode originar falhas.
A profundidades mais elevadas e sob a acção de grandes tensões, as rochas entram, normalmente, em ruptura mais facilmente – comportamento elástico. Neste caso, a deformação diz-se que ocorre em regime dúctil. Nestes casos, tendem-se a formar dobras como resultado das forças de tensão aplicadas.




Fig. 3 - Comportamentos dos materiais geológicos quando sujeitos a diferentes tipos estados de tensão (imagem extraída de: CienTIC).

Diferentes factores, como a temperatura, tensão (tensões litostáticas e não litostáticas), pressão, composição química e mineralógica e o teor em água, variam com a profundidade, provocando diferentes condições que afectam o comportamento dos materiais geológicos.
 


Estruturas geológicas originadas por deformação: dobras e falhas


Quando se ultrapassa o limite de elasticidade das rochas estas deformam-se permanentemente e em resposta a forças compressivas formam-se dobras.


Dobra - é uma deformação em que se verifica o encurvamento de superfícies originalmente planas. Resultam de rochas com comportamento dúctil.


Podem ser caracterizadas pelos seguintes elementos:




Classificação das dobras segundo a disposição espacial dos elementos:


Antiforma – convexidade da dobra orientada para cima;

Sinforma – convexidade da dobra orientada para baixo;

Dobras neutras – convexidade orientada na horizontal.





Em relação à idade, a dobra pode ser anticlinal se apresentar no seu núcleo as rochas mais antigas, e sinclinal se tiver no seu núcleo as rochas mais recentes.



A orientação das dobras é feita através do levantamento de dois parâmetros:
  • Direcção da dobra:
  • ângulo entre a linha N-S e a linha de intersecção do plano dado com o plano horizontal (linha horizontal do plano ou directriz).
  • Inclinação da dobra: ângulo definido entre a linha de maior declive (pendente) da superfície planar considerada com um plano horizontal, este ângulo varia entre 0º e 90º.




 

Falhas

As falhas são deformações associadas a comportamentos frágeis do material geológico. Correspondem a superfícies de fractura, ao longo das quais ocorreram movimentos relativos entre os dois blocos que separam. Surgem quando o limite de plasticidade das rochas é ultrapassado e estão, muitas vezes, associadas a sismos.






Plano de falha – superfície de fractura ao longo da qual ocorreu o movimento dos blocos;

Tecto (bloco superior) – bloco que se encontra acima do plano de falha;

Muro (bloco inferior) – bloco que está situado abaixo do plano de falha;

Rejecto – distância do deslocamento relativo entre os dois blocos da falha;

Inclinação da falha – ângulo definido entre o plano da falha e um plano horizontal;

Direcção da falha – alinhamento horizontal do plano de falha.

Tipos de falhas

De acordo com o movimento relativo entre os dois blocos da falha (tecto e muro), as falhas podem ser classificadas como normais, inversas e de desligamento.



Falha normal
– Tecto desloca-se para baixo relativamente ao muro (ângulo obtuso entre o plano de falha e o plano horizontal). Este tipo de estrutura resulta da actuação de tensões distensivas;

Falha inversa –Tecto desloca-se para cima relativamente ao muro (ângulo agudo entre o plano de falha e o plano horizontal;

Falha de desligamento – O movimento pode ser lateral direito ou lateral esquerdo, se o bloco no lugar oposto da falha, relativamente ao observador, se desloca para a direita ou para a esquerda.
 
 

 
 
 

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